Ectima Contagioso
É uma doença de pele, de caráter transmissível, populoso e crostoso da pele e dos lábios que afeta ovinos e caprinos, produzida por um vírus PARAVACCINIA (pseudo varíola).
Sinônimos: Dermatite pustulosa contagiosa, papiloma infeccioso do ovinos, dermatite infecciosa infecciosa, caroço, “soro mouth”, orf.
1- Histórico
Nurnberg, 1942 – 84 denominações diferentes
Aunaud, 1921- apresentou a etiologia da doença e imunização ativa dos animais sadios por inoculação
Guerreiro, 1954 – identificou no Brasil Rio Grande do Sul pela primeira vez
Grey, 1975- multiplicação do vírus em culturas celulares
2- Etiologia
ADN
Família Poxviridae
Gênero Paropoxvirius
Está apresentado como sorologicamente com o vírus da estomatite populosa e da varíola mamária.
Replicação “In Vitro”- em culturas celulares renais de ovino e macaco e primatas rim e testículos. “In Vivo”- linhagem de células DBK.
Efeito citopático - corpúsculos de inclusão intracitoplasmático
Sensibilidade: Luz, cloroformio, formalina, fenol, ácidos, calor 60º por 30min.
Resistência: Escuro, glicerina a 50% por 2 meses, sobrevive em crostas por 11 meses, aprisco por mais de 1 ano após a retirada de animais doentes.
3- Epidemiologia
A transmissão da doença ocorre por contato com animais infectados. Esta doença se assemelha a varíola
Espécies acometidas: Ovinos, Caprinos e o homem eventualmente. Sendo os cordeiros de 3-6 meses os mais suscetíveis a doença.
A imunidade do Ectima contagioso pode durar pelo melo menos por dois anos.
Fontes de infecção: Animais infectados
Vias de eliminação: Exsudato das pústulas, vesículas e crostas secas
Portas de entrada: Pele, mucosa dos lábios, extremidade das patas e órgãos genitais.
Vias de Transmissão – Contato direto com animais infectados e os sãos, ou indireto, através de lesões nos lábios dos animais causada por forrageiras grosseiras e esta entram em contato com as crostas desprendidas no ambiente.
Devido a sua capacidade de ser conservado nas crostas, o vírus pode permanecer virulento nos lugares de pasto e nas criações de estábulo durante anos. Especialmente durante o tempo seco , a infecção é disseminada rapidamente nas criações e nos pastos. Assim, esta doença tem curso agudo e adoece mais de 50% .
As ovelhas mães com infecção mamária causada pelo vírus do Ectima Contagioso podem transmitir a doença aos cordeiros que ainda mamam.
4- Patogenia
O vírus possui um afinidade pelo epitélio de origem ectodermica, produzindo um exantema de caráter clinico- mácula, pápula, vesícula e pústula.
A lesão do vírus se dá principalmente na camada de MALPIGHI ( zona profunda da epiderme), causando um degeneração hidrópica devido a sua multiplicação (necrose), com formação de vesículas com linfa clara, em seguida tem a migração dos leucócitos polinucleares, e se transformam em pústulas que dessecam e originam as crostas, que são de cor escura ficando em seguida duras e fendidas, ocorrendo em seguida o seu desprendimento com cicatrização ou infecção secundária.
5- Quadro clínico
Período de incubação: o período de incubação é de 6 a 8 dias na doença natural e experimentalmente esse período é reduzido para 2 a 3 dias.
Forma de apresentação:
a) Labial: Lesões nas bordas dos lábios e comissuras, inicialmente apresentando manchas pequenas em seguida nódulos, vesículas, pústulas, crostas, exsudação, aumento das crostas e desprendimento das crostas.
b) Podal: Lesão cutânea simples
Vesículas e crostas nas partes distais (quentes e dolorosas)
Pode gerar uma pododermite necrótica
c) Genital: Apresentando pústulas, erosão e crostas
Na mama, face interna dos coxais, lábios da vulva e prepúcio
6- Prognóstico
A doença sendo benigna e espontaneamente curável, o prognostico é favorável com relação a clinica.
Economicamente as perdas são grandes, devido ao emagrecimento dos animais, que não podem alimentar-se normalmente.
7- Diagnóstico
Clínico- realizado com base no aspecto e sede das lesões ao redor dos lábios.
Identificação do agente produtor com o uso do microscópio eletrônico, em culturas celulares ou por inoculação experimental.
8- Diagnóstico diferencial
Varíola ovina
Febre aftosa
Micoses podais
Língua azul
9- Tratamento e Profilaxia
Para evitar que os animais atingidos por essa doença venham a contaminar o rebanho, os seguintes cuidados devem ser tomados:
Retirada das crostas
Sol. Glicerina iodada (amolecer)
+
Sol. Álcool iodado
+
Desinfetante fraco
Sendo que a retirada das crostas só é indicada em casos de transtornos na ingestão de alimentos e com cuidado.
Pomada
Antibiótico de amplo espectro
Vacina: imunização ativa com a vacina viva preparada em culturas celulares, sendo que os vacinados desenvolvem um reação vacinal de caráter local (face interna do coxal ou zonas desprovidas de lã das paredes laterais do tórax).
Isolamento dos animais doentes
Isolar animais adquiridos (4 a 6 semanas)
Isolar os vacinados dos restantes
Desinfecção e limpeza de aprisco após a retirada dos animais doentes.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA
DOENÇAS INFECCIOSAS II- MEV 159
ECTIMA CONTAGIOSO
Elizabeth do Carmo Machado
Salvador – Bahia
20 de junho de 2005
10- Referencia Bibliográficas
LIBERMANN, H. Ectima Contagioso. In: BEER, JOAQUIM. Doenças Infecciosas em animais. V.1. São Paulo: Roca, 1999, p. 355-357.
CORRÊA, OUTUBRINO. Ectima contagioso. In:_____ Doenças Infecciosas dos Animais Domésticos. V. 3. São Paulo: Livraria Freitas Bastos S. A, 1975, p. 160- 164.
http://dermis.multimedica.de/doia/diagnose.asp
Atlas Of Dermatology
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/AgriculturaFamiliar/RegiaoMeioNorteBrasil/Caprinos/manejosanitario.htm
EMBRAPA
http://www.centrorural.com.br/ovinos_princdoencas.html
Centro Rural
FONTE: (disponível em 16/09/2009 às 13:45h.)
http://www.medicinaveterinaria.ufba.br/Ectima.doc