A SRA. ROBERTA escreveu um email que repassarei, pois sinto na obrigação de mostrar o lado dela, que sei que é uma situação, muito dificil para ela.
EIS SEU EMAIL:
Prezados
Não sendo absolutamente precisa, mas arrisco-me a dizer que pelo menos 75% dos casos dos quais tenho reportado ao longo dos anos em que venho colhendo informações acerca da minha enfermidade se apresentam nas axilas. Uma das razões de ter o conceito sobre a HS deturpado e manipulado pela falta de informação apropriada; acreditando-se de que seja tão somente uma inflamação de glândulas.
Não há culpados! Na verdade o pouco acervo científico que se dispõe com explicações mais detalhadas muito embora longe de serem conclusivas esteja em outros idiomas. A história então se repete. Acredita-se naquele que “aparentemente” detinha maior conhecimento e replica-se o erro até que se encontrem adeptos suficientes para se crer numa “mentira”, que por sua vez repetida cem vezes, torna-se a “verdade” de muitos.
Entretanto meu caso toma rumos diferentes.
Já atravessei por todas as fases conhecidas da doença, do estágio um ao três. Já tive no rosto, nos olhos, no globo ocular (que quase me cegou), nas axilas, nos seios, nas pernas, coxas, nádegas... Mas minha área mais atingida foi a genitália (vagina).
A razão pela qual não dispus imediatamente das imagens que possuo, do antes e depois, das cirurgias, dos abcessos retirados, etc. Enfim, do acervo de imagens que poderia acompanhar o relato da experiência teve o intuito de não “vulgarizar” algo tão sério e importante para mim.
Por certo, ninguém agrada a gregos e troianos, e da mesma forma que recebo mensagens acolhedoras e incentivadoras a “nossa” luta e causa, também recebo mensagens degradantes e particularmente ameaçadoras que transtornam a vida dos meus entes queridos. Também sou mãe! Tenho uma filha adolescente que luto para manter longe dessa publicidade a fim de que ela não sofra as conseqüências dos MEUS atos e decisões.
Um velho ditado reporta claramente as minhas intenções... Minha mãe sempre me disse isso e quem há de discordar: “não jogue pérolas aos porcos, pois eles não saberão lhes dar o devido valor.”
Sinceramente, encontro-me num grande dilema pessoal com a solicitação dos senhores. Primeiro porque sei, concordo e acredito no valor do impacto que as imagens causam quando reportadas como registro dos adventos que o tempo do tratamento promoveu e também tenho plena consciência do quanto seria da minha parte um grande egoísmo guardar comigo os benefícios que consegui angariar. Creio piamente que poderia pelo menos ser referência para o benefício de muitos e isso já seria uma vitória em meu coração e uma das respostas Divinas que me faço há anos: Por que “eu”?
Por outro lado, o receio das conseqüências pessoais aos afetos que tenho próximos a mim é a minha fraqueza. Ainda questiono-me e estou estudando profundamente como resguardá-los de qualquer malefício e elucubrar até onde estas imagens poderiam ser usadas ou tituladas como pornografia barata e levar todo o MEU sacrifício para a lata do lixo.
Hoje, circunstancialmente, vivo num interior onde predomina a ignorância cultural, com todo o respeito e sem maiores pretensões intencionais de ofensa a qualquer cidadão que seja. Mas não posso negligenciar os fatos, mesmo porque, “contra os fatos, não há argumentos.”
Estou sim, pensando bastante em como resolver esta questão! Gostaria que soubessem que estou em total apoio com a causa e muitíssimo agradecida pelos votos de sucesso. A minha estrada ainda é muito longa, mas também carrego a minha cruz!
Agradeço antecipadamente a compreensão; aceito sugestões e dentro do possível manter a linha de comunicação aberta com os senhores a título de colaborar com a promoção de qualquer benefício que seja para a humanidade.
“Nada acontece por acaso.”
Atenciosamente,
Roberta Achy Santos